Não é à toa que Peugeot e Citroën fazem parte do mesmo grupo. Assim como a primeira, a segunda marca tem tido mais sucesso dentro da sua gama de importados. Prova incontestável é a linha DS, que não só está completa apenas oito meses depois da chegada do estreanteDS3, como vê seus representantes sumirem das atuais 173 concessionárias da empresa. “O primeiro lote de 300 unidades do DS5 está todo vendido. Estamos negociando com a matriz a importação de mais unidades”, explica Jeremie Martinez, chefe de produto da estirpe mais estilosa e refinada da Citroën.
O DS4, o mais equilibrado dos três, reunindo um pouco da esportividade do DS3 e outro tanto do conforto e da tecnologia do DS5, deve seguir o mesmo caminho – a marca espera emplacar 100 unidades/mês, a princípio. Vale lembrar que o compacto DS3 parte de R$ 79,9 mil, enquanto o grandalhão DS5 sai por R$ 124,9 mil.
Faróis direcionais e para-brisa panorâmico
A lista de equipamentos é extensa. Há o trivial para essa categoria, como direção com assistência eletro-hidráulica, airbags frontais e laterais dianteiros, controles de estabilidade (ESP) e de antipatinagem (ASR), fixação ISOFIX para cadeiras de crianças nos bancos traseiros, luzes diurnas de LEDs, controlador de velocidade, GPS com tela colorida, ar-condicionado digital de duas zonas de atuação, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro com indicação gráfica e rádio com CD player, MP3, Bluetooth e entrada USB.
Mas o que diferencia o DS4 são itens geralmente encontrados apenas em castas superiores, como dispositivo de alerta de ponto cego nos retrovisores externos, acionamento das luzes de emergência em caso de frenagem brusca, airbags de cortina (totalizando seis bolsas), faróis bi xênon com lavadores, acendimento automático e auto-direcionais; auxílio de partida em subidas e descidas (Hill Assist), lanterna móvel no porta-malas, para-brisa panorâmico com para-sol deslizante, auxiliar de baliza com avaliação do espaço disponível, massageador nos bancos dianteiros, entre outros.
Algumas outras firulas diferenciam o modelo e ajudam o DS4 a conquistar clientes acostumados com a sisudez alemã, como painel que muda de cor e alertas sonoros personalizáveis. Os bancos em couro bicolores, que remetem à cor externa, são interessantes, mas a parte branca da unidade testada já estava um pouco encardida.O motor que equipa o DS4 não poderia ser outro senão o 1.6 16V turbo, de 165 cavalos e 24,5 kgfm de torque. É o mesmo que vai sob o capô do DS3, do DS5, dos Minis, dos importados da Peugeot e do BMW Série 1. Logo, é a escolha certeira quando se pretende algum compromisso com desempenho.
E esse desempenho se confirma nos primeiros metros percorridos. O DS4 empolga com a oferta de torque mesmo em baixas rotações – não é preciso esperar o carro embalar para sentir o ânimo do propulsor. Nas velocidades de cruzeiro, o 1.6 THP é suave e silencioso, e graças à sexta marcha ele gira em 3.000 rpm aos 120 km/h, contribuindo para o baixo consumo de combustível – segundo o computador de bordo, foram 9,8 km/l de média numa mescla de uso urbano e rodoviário, ora fincando o pé no acelerador, ora dando refresco ao carro.
Não chega a ser uma parceria brilhante, mas a união de motor e câmbio é elogiável. E fica melhor ainda quando usado no modo manual.
Porém, se era previsível que um motor que move tantos carros do grupo PSA e da BMW fosse bom o bastante para um automóvel dessas proporções, a suspensão elevada despertou desconfiança sobre sua habilidade de segurar bem os 1.363 kg nas curvas. Numa estrada sinuosa, com diversas curvas de variados ângulos, o DS4 voltou a surpreender: a estabilidade sobra, e os pneus demoram a reclamar.
Infelizmente, alguns modelos da Citroën – especialmente os nacionais – ainda sofrem com o deteriorado piso brasileiro, responsável por dolorosas batidas secas na suspensão. O DS4 não chega a ser imune às infinitas crateras de São Paulo, mas passou pela maioria absorvendo tudo melhor do que se esperava.
O visual, segundo a Citroën, é de um cupê, que chega a resvalar no conceito de crossover, já que mistura estilos. Deixando o devaneio mercadológico de lado, é preciso conceber o DS4 como um hatch médio que, de maneira bem-sucedida, “esconde” as portas traseiras (cujos vidros, curiosamente, não abrem). Um hatch médio estiloso, mas um hatch médio.
Vale?
Por R$ 99,9 mil, a Citroën posiciona o DS4 como rival de Audi A3, BMW Série 1 e os futurosMercedes-Benz Classe A e Volvo V40. Pode parecer presunçoso, mas o terceiro integrante da família DS tem estilo, desempenho, espaço interno e tecnologia pra brigar com os rivais alemães e o sueco. Perde em status, mas compensa com uma lista de equipamentos bem mais extensa – e custando menos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário