O 1° Encontro de Fuscas em Alphaville reuniu 200 expositores dos mais diferentes tipos
Quem acordaria cedo em uma manhã de domingo com 8ºC? Apaixonados por
Fusca,
claro. E a cidade de Barueri, em São Paulo, estava repleta deles neste
final de semana. Lá aconteceu o 1º Encontro Nacional de
Fuscas,
organizado pelo Alpha Classic, clube que conta com mais de 40 sócios.
Autoesporte foi lá para garimpar histórias, designs e inovações entre os
mais de 200 expositores e 500 participantes.
Logo na abertura, por volta das 9h, chamava atenção uma mulher que limpava seu
Fusca
com a ajuda dos dois filhos. Silvania Alencar se viu obrigada a mudar
de carro quando passou por uma crise financeira. Sem muitas opções,
escolheu o
Fusca 1972 bege oferecido por um amigo. Nos
primeiros momentos, os filhos Rebeca e Daniel não queriam que a mãe nem
os levassem para escola, com receio de “preconceito” dos amigos. Mas
juntos descobriram a paixão pelo carro que mesmo com 39 anos de uso,
nunca os deixou na mão. “Hoje fazemos parte do Jandira clube e levamos
nosso companheiro do dia a dia, a todas as exposições na região”, conta
Silvania.
Silvania Alencar levou seu companheiro do dia a dia
Quem
também passou por uma crise financeira ao ver sua empresa falir foi o
dono de uma barraca de miniaturas. Marcelo Paúra foi obrigado a vender a
coleção de carrinhos Hot Wheels que seu filho tinha, mas encontrou no
Fusca
sua nova fonte de alegria e renda. Depois de faturar com os carrinhos
do filho e sair do sufoco, encontrou um importador e hoje vive de vender
miniaturas de
fuscas e outros carros em encontros.
“75% da minha clientela é formada por homens com mais de 40 anos, e
tenho fiéis colecionadores com mais de 3.000 carros”, conta o
comerciante.
As miniaturas mais vendidas nos encontros são as de Fuscas e em 2° lugar do Camaro
Rafael Feito é outro dono de um lindo
Fusca. Seu modelo é todo preto com detalhe vermelho, rebaixado e totalmente reestilizado por dentro. Há três anos ele tem o
Fusca 1969 por puro hobby, além de outro que não levou à exposição. “Com motor alterado de 1.300 para 1.600 o
Fusca ficou beberrão, faz 8 km por litro”.
Todo reestilizado por dentro, o Fusca 1969 de Rafael foi sensação
Tem até quem goste muito de
Fusca,
mas não quer sair de casa. Mario Filiagi, de 62 anos, pede para seu
empregado Paulo Roberto Lopes levar seu modelo “sem teto” para os
encontros. Todo vermelho e brilhando de tão limpo, o clássico faz
sucesso entre as crianças. E, segundo Paulo, foi por esse motivo que seu
patrão comprou a carcaça do
Fusca e resolveu montá-lo:
para levar a neta pra passear. Só que agora a neta enjoou e quem se
diverte com o visual diferente somos nós.
Minha primeira experiência de dirigir com o volante no lado direito
Do lado direito
Andar
em um carro com volante no lado direito não é comum. E eu fiquei
curiosíssima para saber como seria quando encontrei o Dr. Reinaldo
Abraão e seu
Fusca 1965. Não perdi a chance de
descobrir como é dirigir em mão inglesa pelas ruas de Barueri! A
experiência de manobrar e trocar de marcha com a mão esquerda é nova,
mas não difícil. Para brincar com as pessoas, Abraão acenava pela janela
esquerda. “Sai da frente, está sem volante!”, gritava, arrancado
risadas de todos os que viam.
"Saí da frente, está sem volante!"
O
carro foi adquirido em um leilão, só para convidados, na embaixada da
África no Brasil. Ele veio por engano ao país na fuga de um integrante
da embaixada brasileira. Com a documentação toda regular, só não pode
passar por alterações. Pergunto ao dono se ele venderia. A resposta? “Só
por uma boa causa”. Quando um deficiente quis comprar o carro por
encontrar melhor mobilidade no volante do lado direito, o Sr. Reinaldo
só vendeu com a condição que o carro voltasse pra ele quando não fosse
mais útil. E assim foi feito.
Os Corvos Mc com a Moto-Fusca e na direita o Fusca-Táxi
Quando
me sinto satisfeita com tantas histórias que ouvi, olho para um “fuzuê”
e vejo uma Moto-Fusca. Isso mesmo, a parte de trás de um
Fusca
1978 acoplado a uma moto. A inovação é do 1° Motoclube da Zona Oeste de
São Paulo, com 19 anos de existência. Seu fundador, Cigano, conta que
além do
Fusca cortado também tem um Chevete.
"O mais é menos"
Essa é a frase usada para descrever o
Fusca
1969 de Joaquim Pinto Nunes. Todo original, impressiona pelo estado em
que se encontra. Não é a toa que sr. Joaquim tenha ganhado o prêmio do
melhor
Fusca da amostra. Quando seu sogro morreu, o
carro ficou debaixo de uma lona por anos, até ele resolver cuidar da
relíquia. De tão bem cuidado, o modelo ainda tem cheiro de
Fusca novo. O dono diz que já ofereceram R$ 25 mil pelo
Fusca,
mas ele se recusa a vender. “Se o cachorro fizer 'xixi' no meu carro
2011 que tenho na garagem, eu não ligo. Mas brigo feio se for no
Fuscão”, brinca.
Sr. Joaquim, o vencedor do encontro com seu Fusca 100% original
Bem ao fundo da exposição, outro
Fusca
chamava a atenção de todos. Tratava-se do primeiro carro de Roberto
Taraborelli, de 21 anos. O estudante de engenharia mecânica ganhou de
seu pai, para cuidar. Mas quem olha tem a impressão de que ele não está
obedecendo: o carro está todo enferrujado. Na verdade, o
Fusca
está em perfeito estado na parte mecânica e elétrica, tanto que o
estudante mora em Bauru e andou 400 km para chegar ao encontro. “Eu
gosto do carro desse jeito”. Quando pergunto se já teve problemas quando
o assunto é meninas ele responde sorrindo: “Não!"
Quem vê carroceria, não vê motor! Roberto Taraborelli jura que seu Fusca ainda roda bem
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